Tenho que admitir que todos os dias me parece mais difícil definir o que pode ser considerado uma forma elegante de vestir e o que não é. De forma simples, sempre que saio à rua parece-me que menos pessoas compartilham da minha opinião. Só em determinados lugares e ambientes, ainda posso ver que as regras são respeitadas, o normal na televisão e revistas são as chamadas tendências e modas serem preferidas, levando os aplausos da maioria.
Estão longe os tempos onde as regras não escritas eram do conhecimento de todos. No entanto, hoje vivemos num período caracterizado pela ausência de regras e no vestir essa falta de regras não é excepção, esse facto é descrito como revolucionário e moderno, o que para um homem verdadeiramente elegante é absurdo e ridículo. Resumindo, o que para uns é actualmente moderno será relembrado no futuro com totalmente desprovido de elegância.
Os grandes gurus da moda, no seu desejo de inovar, criam todas as estações, colecções que na minha opinião são absurdas. Eu considero que se pode ser ousado e desinibido mas não ridículo. Temos vários casos de que gostamos como Brummell, Holden Milton ou o caso mais conhecido de Edward VIII.
É frequente nas revistas cor-de-rosa, figuras públicas serem votadas ou eleitas como os “mais elegantes”, a sua única virtude é de serem conhecidos e terem acesso à comunicação social, onde lhes é dado tempo de antena, falar de elegância e ganhar dinheiro com isso. Antes disso é de bom-tom perguntarmo-nos o que aconteceria se um de nós pensasse, por exemplo, usar um fato três tamanhos mais pequenos, ou até mesmo a roupa manchada ou rasgada. Em qualquer emprego seriamos convidados a ir ao médico ou mudar de profissão, ou então ir viver “numa tribo” (programa televisivo, supostamente um cavalheiro não perderá tempo a ver tal inutilidade).
Uma das coisas que me põe deveras irritado é quando numa entrega de prémios, recepção ou acto oficial, local onde o organizador vai adequadamente vestido, ele tem a “obrigação” (que lhe vem da sua educação de gentleman) de cumprimentar indivíduos que por se acharem alguém, se permitem a ousadia de comparecer de “jeans”. Isso demonstra uma falta de respeito e de má educação perante o seu anfitrião.
Penso que se pode estar vestido de forma perfeitamente actual sem chamar a atenção. De forma simples sem necessitar de gastar uma fortuna, um simples fato azul-escuro, com uma camisa azul, uma gravata, um lenço de bolso e uns Oxford, dá-nos logo um toque de elegância discreta sem necessitar de qualquer ousadia pseudo Dandys.
È por isso interessante recordar a forma clássica dos anos 30 de Marshall Field, Anthony Drexel Biddle, Markoe Robertson e Fred Astaire, que com pequenas alterações, podem ser tão actuais como outrora.
Sem ponta de dúvida, estou convencido que o que hoje se denomina e concorda ser as tendências estarão ultrapassadas dentro de poucos anos. Por acaso, estas fotografias de ícones dos anos 60: Sean Connery e Roger Moore, não estão perfeitamente actuais, com uma grande elegância?
Para terminar, a Elegância Clássica é como a arte, nunca passa de moda, mas descrevendo com palavras de Hippolyte Taine: “ a arte é como uma laranja, que precisa de um chão e de uma clima adequado para florescer e dar fruto”.
O ancião.
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